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Como consegui que minha filha dormisse em seu quarto

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Hoje, vendo minha filha dormir no berço, lembrei como foi o primeiro dia que ela dormiu em seu próprio quarto. Longe da mamãe e do papai.

Ela tinha 5 meses e ainda dormia em nosso quarto.

Estávamos com um berço portátil emprestado da minha cunhada.

Um dia fomos viajar para a praia.

Desmontagem do berço. Berço no carro. Montagem do berço na casa da praia.

Quando acabei de montar olhei para a mamãe e disse:

– Você sabe o que vai acontecer quando chegarmos em São Paulo?

– Não, o que?

– Não vamos mais montar esse berço.

Ela arregalou os olhos e disse com uma voz tremula:

– Ah nãaaaaao!

– Sim, ela tem o próprio quarto. Todo decorado, enfeitado, com um berço lindo 0km e já está na hora de ir para lá.

– Ah nãaaaaaao!

– Já está na hora, sim!

Ela, com a voz cada vez mais chorosa:

– Mas, e se ela chorar e a gente não ouvir?

– A gente liga a babá eletrônica. Que, aliás, compramos e nunca foi usada.

A cara da mamãe foi desoladora.

O fim de semana foi passando e a todo o momento eu lembrava a mamãe que a nosso bebê dormiria no quarto dela.

Tinha que ser firme, pois sabia que se dependesse da mamãe teríamos uma companheirinha no quarto até uns 10 anos.

Hora de ir embora.

Arrumamos a mala, desmonto o berço e digo:

– Agora você já pode devolver esse berço para sua irmã.

Ela ameaça chorar. Eu a abraço.

– Sei que é difícil. Mas vai ser melhor para nossa filha.

Caminho de volta foi quase todo percorrido em silêncio.

Até o som do rádio incomodava a mamãe.

Chegamos em casa e, num impulso, ela solta uma frase de súplica, mas impossível de eu negar:

– Olha só, já que ela vai dormir no quarto dela para sempre, deixa ela passar essa última noite na nossa cama então?

Para que está se afogando, jacaré é tronco.

Claro que permiti. Achei que elas mereciam esse presente.

– Mas ó, só hoje hein. Amanhã ela vai para o quarto dela.

O dia seguinte passou normalmente. Ela não tocou no assunto.

Estranhei, claro.

Achei que ela já tivesse mais alguma desculpa para hora de dormir.

Me preparei o dia inteiro. Simulei todos os argumentos que ela poderia utilizar.

Fui para casa sabendo que nenhuma chantagem emocional funcionaria.

Hora do jantar. Ela não tocou no assunto.

Hora de dormir. Ela está vindo perto de mim e noto que vai falar algo.

É agora! Mal sabe ela que estou preparado para todos os argumentos. Pode vir!

– Você leva ela para o berço? Já liguei a babá eletrônica.

Fiquei um pouco confuso. Cadê o discurso?

Fui até o quarto e coloquei a neném, já dormindo, no berço.

Fico olhando para ela e fazendo carinho.

Falo baixinho:

– Que orgulho filha. Dormindo sozinha em seu quarto.

Faço mais um pouco de carinho. Vou até a porta do quarto. Olho novamente para ela. Volto e dou mais um beijo.

– Boa noite, filha, dorme bem.

Volto para o quarto e mamãe já está quase dormindo.

Ela diz:

– E ela?

– Continua dormindo. Vai dar tudo certo, viu!

– Eu sei!

Ela me da um beijo de boa noite, vira para o lado e dorme em uns 3 minutos.

Eu demorei mais um pouco para conseguir dormir.

Acho que umas 2 horas, mais ou menos.

Olhava no monitor da babá eletrônica.

Levantei 3 vezes para ir até o quarto dela ver se dormia bem.

E enquanto mamãe estava num sono profundo eu fiquei lá, deitado na cama, com o coração apertado e pensando: Por que diabos eu resolvi não montar mais o berço dela aqui no quarto?

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