é menino ou menina - sapatos

É menino ou menina?

é menino ou menina - sapatos

Uma das primeiras questões que mais tive que responder assim que as pessoas sabiam que eu teria um filho era: Você prefere menino ou menina?

Essa pergunta vem quase que em forma de regra, logo depois de outras perguntas como: Vocês vão casar? Vocês vão morar juntos?

A ordem acho que era exatamente essa, sendo que a da preferência por menino ou menina vinha em terceiro lugar.

A princípio minha resposta era que não tinha preferência nenhuma. E não tinha mesmo. Eu ainda estava atônito com tudo que estava acontecendo. Era difícil para mim, na época, entender que eu teria um filho. Saber o sexo dele era uma das últimas coisas que eu estava preocupado no momento.

E cada vez que eu falava que não tinha preferência parece que eu decepcionava as pessoas. Elas sempre esperam respostas mais diretas. Tanto que sempre após minha afirmação evasiva (na opinião de muitos) vinha a seguinte frase: É, o importante é que venha com saúde né!

De tanto achar que eu decepcionava as pessoas, e por tanta repetição desta pergunta comecei a me questionar se eu realmente deveria pensar mais no assunto. Será que tenho que ter uma preferência? Todo mundo tem preferências, por que eu não tenho?

Pensei em como seria ser pai de um menino ou de uma menina. E a única diferença que via, era na forma de brincar.

Brincar com um menino seria tranquilo, brincar de lutinha, jogar futebol, coisas que meninos gostam de fazer e, por ser da mesma “espécie” eu tiraria de letra.

Mas, por outro lado, brincar com uma menina não seria exatamente uma novidade para mim. Minha família é grande e eu sou o mais novo de uma geração. Quase todos meus primos (que não são pouco) já têm filhos (que são muitos) e a grande maioria é menina. Eu sempre brinquei com elas, e acredito ter desempenhado direito esse papel.

Realmente eu não tinha preferência, ou (sempre tem um ou) eu estava pensando muito no micro da questão.

Eu sei que passadas algumas semanas chegou o dia da consulta que saberíamos o sexo do bebê.

Todos estavam excitados por saber o resultado e eu, aparentemente, tranquilo.

Dentro do consultório o médico diz que já sabia o resultado e se preparou para falar.

Nesse exato momento me deu um frio na barriga e eu não entendi o porquê daquilo.

Então ele disse:

– É uma menina!

é uma menina - assustado

Mãe em lágrimas, avó e cunhada arrepiadas e eu, imóvel, com a certeza de que, a partir daquele momento, eu saberia responder àquela tão repetida pergunta.

– Eu prefiro um menino!

Foi um sentimento estranho. A notícia se espalhou em mim como um banho de água fria.

Por que somente naquele momento eu soube que preferia um menino?

Porque foi justamente naquele momento, como numa explosão do big bang, a verdade veio bater na minha cara.

Vou listar algumas coisas:

– O mundo de uma menina é completamente diferente do meu.
– Meninas são delicadas, eu, nem tanto.
– Meninas amadurecem mais rápido. Eu não quero que minha filha amadureça rápido. Aliás eu não quero nem que ela fique grande.
– Meninas contornam a gente de uma forma muito mais fácil.
– Como eu vou falar não para minha filha? Ela é minha princesa, oras bolas.
– Como se coloca uma princesa de castigo?
– E quando ela quiser namorar? MEU DEUS, ela vai aparecer na minha casa com um delinquente?
– Eu vou ter que ser simpático com esse delinquente?
– Como eu vou ser simpático com esse delinquente? Não dá!
– Ela vai sair para balada nesse mundo cheio de capitão caverna? Não vai sair de casa coisa nenhuma!

Para se ter uma ideia da neurose que já entrei por causa dessa história de menina vou contar algo que aconteceu.

A partir do quinto mês dizem que os bebês já escutam o que falamos. E é capaz de reconhecer, assim que nasce, um texto ou uma música que ouviu diversas vezes ainda no útero materno.

Pois bem. A mãe dela arrumou um livrinho que contava uma história até que bonitinha entre um coelho pai e um coelho filho. E ficou lendo noite após noite essa história para ela ir se familiarizando.

Sabe o que eu pensei?

Como assim minha filha vai ficar ouvindo uma história escrita por outro cara? Um estranho. Não senhora! Pode parar!

Quem tem que escrever histórias para minha filha sou eu! Eu sou o pai dela. Eu sou responsável pela diversão dela.

Egoísmo, ciúmes, psicose? Não sei.

Só sei que foi assim que escrevi a primeira historinha para ela. E por diversas noites eu a lia enquanto acariciava a barriga da mamãe.

Se você quiser ler essa historinha que escrevi, bastar clicar aqui: Bigu e Clotilde em: conhecendo a nova dona.

E se você gostou desse texto e queira me ajudar com meu ciúme ou me aconselhar em como tirar esse medo de vê-la crescer. Ou ainda contar alguma experiência sua, escreva nos comentário que terei o maior prazer de ler.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *